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Seres humanos, a tecnologia e o futuro III

Organismos e Robôs O que tem em comum? Ambos são determinados estruturalmente e interelacionan-se com o meio. E o que tem de diferente? A sua história de origem. O robô surge de um projeto, um design. "Assim, o robô, o meio ou circuntâncias nas quais ele funciona e a congruência dinâmica entre os dois são consequências de um projeto intencional naquilo, que, pode-se dizer, foi um processo sem história (aistórico). Já os sistemas vivos "são produtos de uma história de linhagens de sistemas vivos que ainda está em curso, através da conservação reprodutiva do vivo bem como das variações no modo do viver". É FRUTO  de um processo HISTORICO: a evolução biológica. Nessa história os seres vivos e o meio mudaram congruentemente.

Tecnologia e realidade

"A tecnologia pode ser vivida como um instrumento para ação intencional efetiva, ou como um valor que justifica ou orienta o modo de viver no qual tudo é subordinado ao prazer vivido ao se lidar com ela". Quando vivida como valor é vivida como um vício e justificada muitas vezes com argumentos racionais por aqueles que assim desejam. Se vivida como instrumento para ação efetiva, a tecnologia leva à expansão progressiva de nossas habilidades operacionais em todos os níveis. Muito se vem dizendo sobre uma tendência para a tecnomorfização da existência humana... "e muito se argumenta que nós humanos deveríamos nos adaptar a um tempo, no qual a evolução está entrando numa fase tecnologica-científica, vendo a evolução como um processo que nos arrasta, independente de estarmos conscientes dele." A esse respeito, Maturana questiona:
"Mas onde nós, indivíduos humanos responsáveis, estamos em tudo isso, que podemos ser tão facilmente manipulados por outros humanos através de seus argumentos de geração de progresso no desenvolvimento do poder da máquina, enquanto eles satisfazem suas próprias ambições, desejos ou fantasias?"
"Não somos geneticamente predeterminados nem algo do gênero para nos tornarmos o tipo de seres humanos que nos tornamos em nosso viver <...> nós nos tornamos o tipo de seres humanos que nos tornamos de acordo com o modo pelo qual vivemos .

O papel das emoções no curso da nossa história:

"Assim, uma vez que nossas emoções especificam o domínio relacional no qual instamos a cada instante, é nosso emocionar - e não nossa razão - que define o curso do nosso viver individual, bem como o curso de nossa história cultural" "É por isso que a pergunta "O que queremos" é pergunta central, e não a pergunta sobre a tecnologia ou a realidade. A evolução dos seres humanos está seguindo um curso cada vez mais definido por aquilo que escolhemos fazer face aos prazeres e medos (emoções) que vivemos em nosso gostar e não gostar daquilo que produzimos na ciência e tecnologia."

A Realidade

"A realidade é uma proposição que usamos como nocão explicativa para explicar nossas experiências <...> a usamos de modo diferentes de acordo com nossas emoções. É por isso que há diferentes noções de realidades em diferentes culturas ou diferentes momentos da história."
"É possível eventualmente se fazer robôs que claramente se comportem como nós, mas sua história será presa à sua corporalidade, e à medida que eles existirem como entes compostos em domínios de componentes diferentes dos nossos, os domínios de realidades básicas que eles gerarão serão diferenets dos nossos."

Arte e design e responsabilidade

Sobre a importância e responsabilidade dos designers e artistas:

"Os artistas são poetas da vida cotidiana, que mais do que outros seres humanos agem com projetos intencionais e, portanto, o que fazem para o curso da história humana não é trivial." "O que me interessa é o objetivo, o emocionar que o artista quer evocar". "O que conservamos, o que desejamos conservar em nosso viver, é o que determina o que podemos e o que não podemos mudar em nossas vidas."

Reflexões e conclusões

Sem dúvida, muito do que fazemos irá mudar se adotarmos as opções tencológicas à nossa disposição, mas nossas ações não mudarão a menos que nosso emocionar mude.
Não é a tecnologia que guia a vida moderna, mas as emoções, ou seja, os desejos de poder, riqueza ou fama, em nome dos quais a usamos ou inventamos. Nossos cerebros não estão sendo mudados pela tecnologia, e o que de fato está nos acontecendo através dela é que nós mudamos o que fazemos enquanto conservamos a cutura `qual pertencemos. A menos que nosso emocionar mude e passemos por uma mudança cultural.

Referência: MATURANA, Humberto. Cognição, Ciência e Vida Cotidiana. Belo Horizonte:ed UFMG, 2000. 203 p

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