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Especial Usabilidade - Revista Webdesign

Temos contuibuído, já em outras edições, com entrevistas sobre temas como usabilidade, design de interação, técnicas de pesquisa com usuário e outras para a revista Webdesign. Em Janeiro, participei do especial da revista com o tema Usabilidade. Compartilho com vocês, abaixo a entrevista completa. Dos conceitos tradicionais formulados nos primórdios da internet comercial por especialistas como Steve Krug, “nada importante deve estar a mais de dois cliques de distância”, e Jakob Nielsen, “o conteúdo é o rei”, o que ainda podemos considerar válido, o que foi transformado e o que caiu em desuso, em sua opinião? Tudo isto continua válido, mas vejo estas afirmações como um senso comum ou um bom senso, mas mais importante do que seguir regrinhas como estas é conhecer conceitos mais sólidos, mais consistentes, para que se possa saber o momento de seguir e o momento de quebrar as regras. Por exemplo, em um projeto web, mais importante do que a quantidade de cliques, é assegurar que  o usuário esteja seguro a cada passo percorrido na interface e para isto é importante observá-lo usando o site. Ele deve saber onde está, quais são os próximos passos e como ele deve fazer para atingir seu objetivo naquele site. E nisto, a interface deve auxiliá-lo, não importando muito a quantidade de cliques e sim a qualidade da interação. Hoje falamos mais em experiência. É a palavra da vez. Percebo que houve uma mudança da forma de se pensar o produto: o foco não é mais tanto no produto em si (interface, conteúdo, tecnologia, layout) mas sim a experiência pretendita, a qualidade da interação. Sabe-se que mesmo um produto com problemas de usabildiade pode ter alto nível de satisfação por parte dos usuários (um exemplo é o Orkut em sua fase inicial). Todo o resto (interface, conteúdo, tecnologia) deve servir a um propósito: à experiência pretendida. Isto significa que é preciso ter uma visão mais holística no design de produtos interativos, entender de pessoas também, o propósito do produto criado, etc... No artigo “Keys to E-Commerce Success” (http://www.emarketer.com/Article.aspx?R=1007358), ficamos sabendo que “não encontrar o que procura” (34%) e “problemas de navegação/usabilidade” (13%) ainda são alguns dos principais obstáculos que dificultam a realização de compras em sites de comércio eletrônico, segundo pesquisa realizada entre abril e junho de 2009, com usuários pelo mundo. Pensando nisso, quais são os desafios para incluir a usabilidade como diretriz de negócios e estratégias em projetos digitais? A usabilidade tem que ser encarada como uma abordagem integrada ao processo de desenvolvimento do produto e não como uma característica desejável externa. Não dianta só fazer um teste no final do ciclo de desenvolvimento, para "garantir que está tudo certo". Parte do desafio é a conscientização das empresas para a implementação de processos que visem maior qualidade de interação de seus produtos. Por exemplo, uma estratégia que inclui a usabilidade como filosofia de desenvolvimento do produto, inclui atividades de prototipação rápida e realização de testes com usuários durante todo o ciclo. Todas estas atividades ajudam a diminuir o risco de fracasso do projeto e pode reduzir consideravelmente os custos de desenvolvimento, já que somente o que é mais importante (e útil) para os usuários é construído primeiro e os problemas de usabilidade são encontrados em uma fase ainda com baixo custo de mudanças. Segundo o professor Robson Santos, no artigo “Alguns conceitos para avaliar usabilidade” (http://webinsider.uol.com.br/index.php/2003/06/19/alguns-conceitos-para-avaliar-usabilidade/), “efetividade, eficiência e satisfação são as medidas de usabilidade mais freqüentemente consideradas em relação à websites”. Como estes conceitos devem ser aplicados no processo de produção do designer de interfaces? Como qualquer dimensão da usabilidade, estes podem ser garantidos com um processo de desenvolvimento que integre a usabilidade como parte do processo, desde a fase de criação ao pós-lançamento. A única forma, que entendo de se fazer isto, é incluindo atividades de prototipação rápida, testes com usuários, observando usuários reais. O designer precisa deixar de projetar para ele e começar a projetar para as pessoas que realmente irão usar o website. Isto implica em deixar o "ego do designer" de lado, muitas vezes. Na edição de abril de 2009, apresentamos uma entrevista com Yasodara Córdova, pesquisadora de IHC e web design ágil, que analisava os efeitos da aplicação das metodologias ágeis no design de interfaces (www.yaso.in/?p=411). Segundo ela, “o designer precisa pensar cada vez mais em construir respostas para os problemas dos usuários (sejam usuários de geladeiras, carros, computadores, celulares etc.) da maneira mais ágil e barata, com a melhor qualidade”. Diante disso, quais transformações que estas metodologias podem trazer para a aplicação dos conceitos de usabilidade em projetos digitais e interativos? Alan Cooper, uma grande referência no design de interação, disse "as agile methods take over the programming world (and they will), EVERYONE else will adjust accordingly”. Na minha opinião, a filosofia ágil tem muito o que acrescentar ao design de produtos interativos. E a usabilidade, por sua vez, tem muito a oferecer ao processo ágil. É uma troca que precisa amadurecer e cada equipe precisa achar sua própria fórmula para a integração entre ágil e usabilidade. E esta integração já tem acontecido, não só lá fora do Brasil. Muitas empresas tem incluido ao processo de desenvolvimento de produtos, atividades como prototipação rápida em papel, avaliações com usuários e testes remotos (via internet). É importante frisar que ágil não é sinônimo de rapidez. Ágil tem a ver com flexibilidade, flexibilidade de escopo e um foco em entregar valor: construir o mais importante e que tenha maior valor para os usuários e para o negócio. Nos últimos dois anos, as mídias sociais se tornaram uma grande coqueluche da internet brasileira, atraindo grande atenção de usuários e de marcas sedentas pela aproximação de contato com os seus consumidores. Levando-se em consideração este cenário, como as redes sociais podem ajudar no processo de pesquisa e estudo de usabilidade de um projeto digital e interativo? Na Latitude14 costumamos fazer levantamento de dados usando questionários e distribuindo em redes sociais. Muitas vezes é mais rápido e mais eficiente do que o recrutamento por telefone ou por outro meio. Depende muito do perfil de usuários que se está pesquisando. Outra técnica também usada é a "etnografia digital", que é a observação dos padrões de hábitos, costumes e comportamento de uma determinada comunidade de pessoas na internet, nas redes sociais. Na segunda edição do livro “Não me faça pensar”, o consultor Steve Krug incluiu um novo capítulo, onde explica a importância de um website se comportar como um mensch (ser humano, uma pessoa íntegra). Além disso, ele aponta que todo usuário inicia sua navegação com um “reservatório de boa vontade”. Pela sua experiência, quais são os problemas mais comuns que costumam comprometer esse nível de boa vontade do usuário? E, por outro lado, o que garante que esse reservatório possua um nível satisfatório durante o período de experiência? O que compromete é o sentimento de frustração. Frustração é expectativa não cumprida. Em um website a frustração pode ser crescente e piora com: não encontrar o que se deseja, não entender onde se está, não saber para o que serve o site, problemas técnicos, se deparar com palavras que não fazem parte do seu vocabulário, metáforas que não correspondem ao seu modelo mental, entre outros "tropeços". O que pode garantir a satisfação? Oferecer o que o usuário precisa para alcançar seus objetivos (seja funcionalidade ou conteúdo), fornecer feedbacks oportunos das ações realizadas, fluidez, compatibilidade com o modelo mental do usuários, boas mensagens de erro, etc. Existem diversos tipos de testes para se medir o nível de usabilidade de um website. Pela internet, encontramos o site “Teste de usabilidade” (http://teste.testeusabilidade.com.br), que trabalha com o modelo “Hallway Testing (ou teste do corredor), onde pessoas são aleatoriamente alocadas para testar o produto”. Em sua apresentação, eles destacam um dos pensamentos clássicos de Jakob Nielsen: “85% dos problemas de usabilidade podem ser descobertas testando o site com apenas cinco pessoas (passeando pelo corredor)”. Para quem não possui uma verba específica para a realização de testes mais aprofundados e precisos, cenário ainda comum na vida de profissionais freelancers e agências digitais de pequeno porte, por exemplo, você acredita que estes modelos possam ajudar a garantir um mínino de usabilidade das interfaces a serem projetadas? Como proceder diante da falta de verba na área? Sim, qualquer feedback de usuários reais pode ser válido, mas existem problemas que podem acontecer por conta de ineficiência dos testes, como priorizar resolução de problemas não tão graves e testar com usuários que não são o perfil do usuário real (principalmente se o produto que está sendo desenvolvido for específico demais), o que pode não refletir a realidade. Eu acredito que o designer e o desenvolvedor podem aprender a realizar testes de usabilidade de maneira mais efetiva e integrar esta prática ao desenvolvimento. Em chat realizado no curso “Webparadesigners” (http://www.webparadesigners.com.br/), Frederick van Amstel levantou uma questão interessante durante o bate-papo: “se o cliente pede algo que você sabe que vai prejudicar a usabilidade, o que você faz?”. Nestes momentos, o que o profissional deve fazer e como ele deve se posicionar para não prejudicar a usabilidade do projeto? Se o profissional tem em mente os conceitos e sabe que um mau design prejudica vendas, não é difícil convencer um cliente. Perda na qualidade da interface prejudica vendas ou gera custos mais altos com manutenções e treinamentos futuros. Estes são alguns dos argumentos que podem ser usados. A melhor forma de se posicionar no mercado e melhorar argumentação é estudar sempre. Outro assunto pertinente discutido neste chat envolveu a questão cultural na aplicação dos conceitos de usabilidade. A dúvida é: ela deve ser trabalhada de outra forma em culturas diferentes ou existe um conceito universal? O conceito de usabilidade é universal. Usabilidade não é sinônimo de facilidade de uso (o que é costumeiramente entendido pela maioria), mesmo porque, o que é fácil para um, pode não ser para outro. O conceito de usabilidade tem a ver com entender necessidades humanas e projetar levando em conta quem irá usar o produto, em um determinado contexto. E este conceito é universal. O que varia é a cultura onde o produto será usado, o perfil dos usuários, o contexto de uso, as restrições do ambiente, etc. Por isso não existe receita pronta, é preciso entender cada contexto, cada limitação específica de um produto. Outra novidade lançada recentemente pela Google foi a ferramenta Google Wave. Em artigo publicado no site da Revista Webdesign (http://www.revistawebdesign.com.br/index.php/google-wave-webdesign), Felipe Fernandes revela suas impressões no uso da ferramenta e destaca que ainda “há uma falta de entendimento do ‘pra que serve’ e bem menos sobre a sua utilização”. No livro de Krug, ele faz a seguinte recomendação: “inove quando souber que tem uma ideia melhor (e todos a quem você mostrar disserem ‘uau!’); caso contrário, aproveite as convenções”. Quais são os parâmetros que devemos utilizar na hora de desenvolver uma nova funcionalidade e criar uma pequena curva de aprendizagem em seu uso? Ou seja, quais são os limites para se quebrar determinadas convenções de navegação pela web? Acho o processo do Google interessante porque eles não esperam a idéia estar redonda ou perfeita. Simplesmente lançam em beta e observam o uso real. O que as pessoas farão com isso? Que tipo de significado as pessoas darão a esta ferramenta? É difícil saber se o site ou produto é um "uau" se não arriscarmos. É muito difícil seguir todas as regras quando se fala de inovação. O mais importante é observar as pessoas usarem e ver o direcionamento, o significado, o uso, o valor que elas dão para o produto e melhorar, evoluindo-o a partir destas observações. Quais dicas de leitura você daria para o profissional que deseja se aprofundar neste assunto? O blog do Jeff Paton - design e desenvolvimento holístico de produtos http://www.agileproductdesign.com/blog/index.html Livro Subject to Change: Creating Great Products and Services for an Uncertain World (Adaptive Path) (Hardcover) Alan Cooper Jornal http://www.cooper.com/journal/ Livro Design de Interação - Rogers & Sharp Preece Livro novo do Steve Krug Rocket Surgery Made Easy: The Do-It-Yourself Guide to Finding and Fixing Usability Problems (Paperback) Por favor, indicar dois projetos web que você considere como bons exemplos na aplicação dos conceitos de usabilidade em interfaces, justificando o porquê da escolha em três linhas. Basecamp - segue uma filosofia de usabilidade muito simples como: (1) lançar somente funcionalidades estritamente necessárias aos usuários, (2) simplicidade como estratégia e (3) evolução vem com a observação do uso real. Aliás, todos os produtos da 37Signals seguem esta filosofia. Twitter - pela simplicidade da idéia, simpatia e empatia criada pela sua marca e principalmente porque no Twitter fica claro que o uso projetado é diferente do uso real. No Twitter os usuários usam sua criatividade  para dar sentido e valor à ferramenta de acordo com sua necessidade. E o Twitter sabendo disso evolui e modifica sua interface conforme os padrões emergentes de uso.

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